segunda-feira, 7 de março de 2011

Ziriguidum, balacobaco

Eu fantasiada.


No começo de fevereiro, uma amiga me convidou para irmos a uma quadra de escola de samba, ver o ensaio da bateria.
Fomos, ensaiamos vários passinhos de amadoras e nos divertimos.
Uns dias depois ela me convida para desfilar na Unidos da Vila Carvalho. Ela foi convidada por um amigo que é o autor do samba enredo desse ano: "O amor está no ar".

No primeiro momento, a imagem que me veio à mente foi, da globeleza e das madrinhas de bateria das grandes escolas do Rio e São Paulo. Com corpos perfeitamente esculpidos por Michelângelo, esbeltas, pernão musculoso, sambando sobre um salto de quinze centímetros com plataforma, numa rapidez espantosa.

Parei e pensei, não fui esculpida por Michelângelo, estou longe de ser esbelta, pernão eu tenho, mas não de músculos. Samba no pé, aprendi ontem num vídeo do Youtube com Carlinhos de Jesus e ainda não consegui engatar a terceira marcha. Só no slow motion, um horror.

Após a ponderação realista da situação, minha amiga me diz que não é para sair de destaque em cima de carro alegórico com fio dental semi nua.
Nós mortais, desfilamos vestidas dos pés a cabeça de macacão e no chão, nem precisa saber sambar. Juro, me senti triplamente aliviada. Topei.

O mês de fevereiro acabou, nós não participamos de um único ensaio geral e vamos com a cara e a coragem. As fantasias ficaram lindas!
Porque não fomos aos ensaios? Choveu torrencialmente sem parar de uns 15 dias pra cá. Ensaio na rua com chuva sem chance.
Por outro lado, o desfile acontece com, ou sem chuva, então dá na mesma. Se a água não vem de cima, vem de baixo, o chão não vai secar num passe de mágica. Seja o que São Pedro quiser.

Parte técnica: Nossa escola entra na avenida à meia noite, temos que estar na concentração às 21h, a fantasia será vestida na hora por cima de uma camiseta e legging. Sede é proibido sentir, se beber água vai ter que ir ao toilette, como? Onde? Melhor não pensar nisso.
Bebo água de dia e à noite só molho a boca e engulo um tico da água antes do desfile.
Ainda precisamos decorar o samba enredo. Deus nos ajude!

O dia D é 8 de março terça feira de Carnaval. Na volta atualizo esse post com a experiência carnavalesca. Dizem que quem desfila uma vez, sempre quer mais, será? 2012 vem aí!

Atualizado dia 9 de março de 2011:

Desfilamos!
A experiência é extremamente positiva, recomendo para quem tem vontade e nunca desfilou.
Chegamos ao boteco próximo da avenida às 19h30min, foi o point de reunião da ala, onde ficamos bem acomodados até a meia noite. Com toalete à disposição, água e comida.
Ao soar das doze badaladas antes que virássemos abóboras fomos a pé até a concentração carregando a alegoria da cabeça, um item confortável que pressiona a cabeça, depois vem a dor, o peso, uma delícia.

Na concentração esperamos até à 1h30min, nesse meio tempo foi um tal de tira e põe alegoria na cabeça, anda, pára, fica em pé no meio da rua, senta no meio fio. Um fato inusitado foi o público passando no meio da concentração, se misturando conosco, esbarrando nas fantasias volumosas sem a menor cerimônia. Total desorganização, enfim deixa pra lá.
Depois dessa "pequena espera de cinco horas (1h30min em pé) a bateria começou o batuque de aquecimento e as alas também tinham que se movimentar.
Guardei a pouca energia que me restava para a avenida, senão teria que chamar o reboque. A alegoria de cabeça já estava pesada pelo tempo que ficamos com ela, a máscara grudava no rosto com o calor, o tule da ombreira pinicava o pescoço.

Alas e carros alegóricos posicionados, últimos ajustes do pessoal e samba no pé.
Entramos, fomos a última escola a desfilar. Na avenida com a bateria atrás de você a mil por hora, o samba enredo ecoando não tem incômodo que te segure. Você canta, pula, gira, samba, evolui, dá risada, acena para a arquibancada, faz pose em frente das câmeras particulares e de jornais, TV.
Assim que passamos pelo último camarote dos jurados, é o ponto no qual temos que dar tudo de nós, aí vem o semi alívio. Diminui um pouco o ritmo, as dores na cabeça voltam e você não vê a hora de chegar no fim pra tirar o peso da cabeça.

Resumindo, vale muito a pena! É a famosa superação do sofrimento.
Me perguntaram se repetirei a dose ano que vem. Respondo em dezembro, agora nem pensar.
Ainda não saiu o resultado da apuração, depois posto se a nossa for a vencedora.

Atualizado dia 11 de março de 2011:

Ganhamos, Vila Carvalho é tricampeã!!!!!!!!