quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A moda e seu significado histórico, social






Estou lendo um livro muito interessante "História Social da Moda"  Daniela Calanca, Editora SENAC. 
Quis falar sobre ele com vocês.A autora pesquisou a fundo o tema, buscou obras especializadas de tempos longínquos, para entendermos a evolução dos costumes e a indumentária. Darei umas pinceladas aqui e ali do que me chamou a atenção até onde li.

Nos primórdios da história, homens e mulheres vestiam camisolões soltos no corpo. As cores eram naturais da própria lã, ou fibra natural usada na confecção. Não havia variedade de cores, o que se via eram tons de cinza, marrom, bege. Mais tarde descobrem as tinturas e começam a tingir os tecidos. Houve época na França em que a cor determinava a classe social a que o indivíduo pertencia: "o azul é prerrogativa exclusiva dos membros da família real; o vermelho que adornava os saltos e as bordas dos sapatos do rei indica a nobreza de sangue de quem se enfeita com essa cor, de origem aristocrática." A cor das roupas designa funções, posições, classes. Não são usadas ao acaso.

Em meio a várias curiosidades, fica claro que a maneira de vestir tem ligação íntima com os fenômenos socioeconômicos, políticos, culturais e de costume que caracterizam uma determinada época. As roupas refletem o modo de pensar e agir, por vezes igualando homens e mulheres em camisolões (calças jeans nos dias de hoje). Mais adiante, os diferenciam na aparência física, modelando as formas do corpo, distinguindo o feminino do masculino.

A igreja teve uma enorme influência na moda, determinou por séculos os modos de vestir, moralizando a sociedade. Quem não se vestisse de acordo com as normas impostas pelo clero era marginalizado. Em pleno século XXI a cena se repete com a moda evangélica se expandindo. Seria um retrocesso cultural?

No início da Idade Moderna com o advento da peste e a sífilis, a classe médica acreditava que a água e não a promiscuidade era um vetor de contágio e fecham os banhos públicos, bordéis e banhos turcos. Os banhos públicos ofereciam serviços de alimentação, diversão e prostituição aos clientes.
Nos séculos XVI e XVII surge a "limpeza seca"  para os ricos com pós de arroz e perfumes, em substituição ao banho regular com água e sabão. As banheiras desaparecem das casas.

O culto pela beleza, tingimento de cabelo, perfumaria e maquiagem tornam-se importantes, pois definem quem é quem nas sociedades. Pobres não tinham acesso a esses luxos.
Ainda bem que a medicina evoluiu, podemos tomar banho sossegados e ainda usufruir dos cosméticos e perfumaria!

O livro fala mais para frente do consumo, mercado, máquinas de confecção, a relação da moda com as viagens, a moda para o trabalho, praia, lazer e esporte. Recomendo a leitura, rica em informações sociológicas e antropológicas.

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