quinta-feira, 29 de abril de 2010

Sufocos hospitalares


Tem muita coisa que não funciona quando se está internada numa enfermaria sem acompanhante, são elas:

Copo descartável sem canudinho. Um paciente deitado não consegue beber água num copo, se afoga. A jarra de 1 litro permanece cheia por que você não consegue virar a água no copo, ela pesa uma tonelada quando se está deitada a 45 graus ou menos.

Embalagens de plástico ermeticamente fechadas, igual as de padaria quando se leva pra viagem. O paciente está grogue, sem forças e não tem outra pessoa pra ajudar, gasta no mínimo 20 minutos pra conseguir abrir a caixinha de plástico....hunf

Mesa para refeição que não passa sobre a cama porque essa última é mais alta. Resultado, ela fica do lado e o paciente que se vire pra comer de aviãozinho e derramar molhos e pedaços de alimento no lençol imaculadamente branco. Mandei trocar 2 lençóis...hunf

A copeira coloca a bandeja térmica na mesa citada e esquece de aproximar a maldita da cama. Quando você se dá conta, o jantar está lá a 2 palmos da sua cama, você não o alcança, ele esfria a menos que toque a campainha pra uma enfermeira fazer a aproximação da mesa com a bandeja.........caracoles........querem te matar de fome????
Ou será que a tal mesa tem poderes extra-sensoriais, o paciente a puxa com a força da mente, deve ser isso.

Socorro!!!!

Sabe aquele dispenser moderno que guarda as folhas de papel higiênico já cortadas?
Pois é, muito bonitinho prático, mas a meio metro de distância do vaso não funcionaaaa.
O paciente está com a barriga operada, não pode se esticar, não alcança a porcaria do dispenser.

Ao mesmo tempo que precisa se segurar em qualquer coisa firme que esteja próxima ao vaso pra não sentir dor, ainda tem que tentar sentar na pontinha do mesmo pra pegar o papel.
Ô falta de visão de quem fixou o dispenser tão longe.
Ainda volto no hospital só pra fazer essas considerações cruciais pra um paciente operado.

Sugiro levar o celular com você ao banheiro, numa eventualidade ligue na recepção do hospital e peça ajuda.

domingo, 25 de abril de 2010

Pós operatório

Olá, estou voltando devagar a ativa.
A cirurgia foi um sucesso não senti dor no hospital, nem quando voltei pra casa. Graças a deus!
O desconforto no corte é natural, sinto repuxar um pouco, mais nada. A cada dia melhoro. Tamanho do mioma: igual a uma mexerica pokam.

No dia seguinte da operação já me puseram de pé e me mandaram pro chuveiro.
O maior problema foi ter que aprender a descer e subir da cama que fica um metro de altura do chão. Queria saber quem foi o infeliz que inventou essas camas de hospital. O "gênio" pensou no conforto dos enfermeiros e esqueceu do paciente.

Desenvolvi uma técnica de contorcionismo para poder sair da cama sozinha sem forçar o abdomem.
A manobra não é difícil, exige concentração e muito equilíbrio: primeiro rolei o corpo deitado pra ficar de lado, depois apoiava a mão que estava por cima no colchão e empurrava pra levantar metade do tronco, ao mesmo tempo deslisava as pernas pra fora da cama. Em seguida segurava o joelho direito com a mão direita e fazia um movimento de gangorra que terminava de levantar o tronco. Pausa para descansar e depois começar a escorregar os pés devagar pra cima da escadinha do lado da cama (sem ela, jamais sairia dali).

Quando pensava que estava tudo certo, a cama com rodas se afastava alguns milímetros da escadinha. Que legal, ao menor descuido eu poderia me estabacar no chão.
Será que não pensaram em colocar travas nas rodas pra cama não andar?
Felizmente peguei o jeito e conseguia descer e subir da fujona com quatro rodas.

Achei curioso ter que descobrir sozinha qual a melhor maneira de entrar e sair da cama. Na minha opinião os enfermeiros deviam nos explicar, fazer um test bed pós cirúrgico.
Ah, os enfermeiros super atenciosos, solícitos, exceto por duas vezes que os chamei durante a noite e "esqueceram" de recolocar o fio da campainha na minha cabeceira antes de sairem do quarto. Teria sido sabotagem ou negligência mesmo? Nunca saberei.
O fato é que precisei pescar o fio da campainha com o controle remoto da TV, lá atrás da cabeceira da cama e trazê-lo com um certo esforço até meu travesseiro. Juro que pensei em gritar, me contive afinal estava num hospital.

Recebi alta na segunda feira, não via a hora de chegar em casa e deitar na minha cama que fica a apenas quarenta centímetros do chão. Que delícia!
Estava sentindo cheiro de hospital em mim, na roupa e até na comida, argh.
Em casa tudo entrou nos eixos, a comida tem sabor, aroma. Ando pela casa toda, deito e levanto sozinha com a mesma manobra de gangorra, acho que vou patentear.

O deguste dos comprimidos começa às seis da manhã e termina a meia noite, coloquei alarme pra lembrar os horários. A alimentação é normal, exceto pela quantidade cavalar de gelatina a ser consumida, por ter colágeno acelera a cicatrização.

Curativo não precisa fazer nada além de passar Povidine após o banho e secar bem. Também tem um gel Reparil, serve para desinchar, tirar mancha roxa. Funciona que é uma beleza.
Daqui há três dias tiro os pontos, então saberei as limitações físicas dali pra frente.

Passo o dia andando por trinta ou quarenta minutos, sento um pouco e deito para esticar a barriga pelo mesmo espaço de tempo. Assim vou tocando o barco.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Antes de se internar

Muito precisa ser feito antes de um ser humano se internar para uma cirurgia.
Não me refiro às consultas e exames, mas as providências práticas, como: contas a pagar, compras de supermercado de itens pesados que você não poderá carregar por um bom tempo.

Aquele singelo saco de ração de 8kg carregado com facilidade, será estocado. Ao menos dois.
Empurrar carrinho em supermercado, nem pensar. Fiz o teste sem estar operada e realmente a força para empurrar trabalha a musculatura abdominal. Só não sentimos porque estamos inteiros, sem cortes nos músculos.

Limpar a casa, varrer, passar pano no chão é outra proibição, então faça antes.
Depois arranja uma alma caridosa pra manter limpo enquanto você curte sua cama, travesseiros e degusta analgésico, anti-inflamatório e afins.

Quem não tem telefone sem fio como eu, deve pensar em colocar o aparelho fixo no criado mudo, ou próximo.
Pois será seu meio de comunicação com o mundo além do celular.
Computador desktop só mais pra frente quando conseguir se sentar a frente dele, sem dor para navegar, nem que seja uma marolinha no raso. Ondas grandes formando tubos, num futuro próximo quem sabe.
Melhor deixar a prancha virtual quietinha no começo.

A saída é trocar o surf virtual pelo DVD, até segunda ordem.
Bem, minha lista de tarefas está chegando ao fim, após seu término vou entrar em férias, bem merecidas.
Ainda passo por aqui para me despedir dos leitores, antes do dia D, 17 de abril.
Prometo relatar todos os acontecimentos da internação e pós operatório, sem data para postagem.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Série Mioma cap. 3

"A anestesista de Bagé"

Cheguei no consultório, entreguei o cartão do plano de saúde. Enquanto aguardava a minha vez, fiquei olhando o estilo da casa. Piso de lajotinha com desenho em baixo relevo, paredes de tijolo aparente, portas e esquadrias de madeira envernizada.
Perguntei a recepcionista:

- Esse consultório já foi residência antigamente?
- Foi sim!
- A gente percebe pela posição da sala, corredor, as janelas.

Na viasacra pelos consultórios esse foi o mais amplo e simpático!

Chegou minha vez, entrei na sala da Dra, uma senhora de meia idade, muito simpática.
Respondi a um repertório de perguntas sobre saúde, ela anotou numa folha impressa, cheia de códigos ininteligíveis do idioma médico. Olhou os resultados dos exames feitos.
Depois mediu minha pressão com um aparelho totalmente digital, segundo ela com maior precisão que o convencional de bombear ar com a mão.
Almofada no meu braço inflou com uma pressão absurda, prendeu a circulação.
Enquanto isso no aparelho digital sem ser ligado por nenhum fio à almofada, víamos os valores da pressão. Deu normal como de costume.

A anestesista preencheu outra folha impressa pedindo minha internação no hospital, com jejum absoluto de 8h. Peguei a papelada e me despedi com um até breve!

Última consulta, nem acredito!
No mesmo dia levei o calhamaço de exames para a ginecologista ver e marcar a data.