sábado, 17 de outubro de 2009

Casa dos avós José e Jandyra

Continuando o "Memorial" que não é o da Maria Moura.

Meus avós maternos moravam em um apartamento na Avenida Angélica no bairro de Higienópolis. A avenida ainda tinha trilhos de bonde que não circulavam mais.
A sala era bem grande, eu adorava a campainha porque tinham dois ou 3 tubos de metal iguais aos de órgão. Quando tocava soava um dim dom musical, parecia as badaladas de um sino.

As maçanetas da porta social eram de louça branca com as iniciais da família QB pintadas a mão. Minha avó era portuguesa prendada nas artes de pintura em porcelana.
Até os descansos de pratos ela pintou, brancos com desenhos azuis e moldura de madeira.

As ceias de Natal aconteciam sempre nesse apartamento, a árvore de natal encostava no teto. Aos seus pés ficavam os presentes, uma infinidade. Antigamente dava-se presente para todo mundo, não se fazia amigo oculto.
Família numerosa, sete filhas, das quais 5 casadas, onze netos. Era gente que não acabava mais.

Minha avó fazia aniversário no dia 25 de dezembro, comemorávamos as duas datas. Por isso sempre tinha brigadeiro e bolo de aniversário na ceia natalina.
Meu pai se fantasiava de papai Noel no apartamento do vizinho e chegava com o saco de presentes nas costas.
Em um dos natais por um descuido deixou o relógio Seiko aparecer sob a manga do casaco vermelho.

Pra quê? Dei o alarme aos gritos: - Esse relógio é do meu pai !!!!

Os adultos devem ter me odiado naquele dia, acabei com a ilusão das crianças sem querer.
Não lembro o que aconteceu depois, provavelmente me tiraram do recinto e encheram minha boca com alguma guloseima para me calarem.

Fora da época de natal, eu ia toda segunda feira brincar com minha prima Sônia. Minha tia Sylvia se separou e foi morar com seus dois filhos no apartamento dos pais. Sempre tinha pudim de leite condensado na sobremesa, de tanto comer tive uma overdose do doce, até hoje esse pudim me enjoa um pouco.
Nessa época, eu, meu irmão e meu pai já morávamos com os meus avós paternos, após o falecimento de minha mãe. A casa deles é outra história.

Ah! A porta de vidro na entrada do prédio era recordista de cabeçadas de crianças.
Pra variar corríamos pelo corredor comprido e batíamos a testa no vidro, sorte nunca ter quebrado, mas o galo cantava na testa. Criança é fogo!

6 comentários:

  1. Vera, adorei a parte que você reconhece o relógio do seu pai. hihihihihi.
    E ainda ganhou um monte de guloseimas...
    Essa mania que adulto tem de enxer a cabeça das crianças de fantasias é o Ó, né? Depois cresce e fica tudo decepcionada.

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  2. Oi Amanda.
    Aaaaah é tão gostoso acreditar em Papai Noel e coelhinho da Páscoa.....rs
    Bjs

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  3. OI vera. Verdade. Mas os doces são o melhor, com certeza. Meu pai, sabendo que eu gostava muito de doces, certas vez me deu um livro de receitas de chocolates e afins. Me disse assim "olha filha, já que você gosta tanto, faça os seus próprios, papai economizou e comprou a revista pra você, mês que vem, com o din din dos seus doces, você compra o material e produza. Porque não é toda hora que papai tem din din pra comprar doces pra vc. Seja independente desde cedo." Fiquei tão feliz com a revista que sai correndo pela casa, depois levei um tropeção numa pedra que já tinha me machucado e que eu tinha esquecido de tirar do meio do caminho e acabei esquecendo de agradecer. Quando, passou a dor, voltei e lembrei de agradecer a gentileza de papai. Ele disse "pensei que você não tinha gostado". Gostei sim papai - respondi. É que foi a pedra...
    Bom, enfim, tudo isso pra dizer que adoro doces, faço e até hoje tenho a revista.
    beijos

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  4. Amanda hahahaha, que legal!
    Mande uns brigadeiros pra mim quando fizer, ok?
    Bjs

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  5. Mando! Por e-mail! +)

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  6. Vera,

    O Natal com muita gente é sempre melhor, e os seus devem ter sido mesmo alegres!

    Os meus também foram sempre com muitas pessoas,no entanto no de 2009 já só estavamos sete.

    Abraço.

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Passo-lhe a palavra.