Esqui aquático

Paulo Weigand no slalom

Nos idos de 70 e 80 costumava ir para Americana nos feriados.

Mais especificamente na chácara de meus tios a beira do Lago Azul, que é uma represa.

Nenhuma semelhança com a "Lagoa Azul" do cinema.

Reduto de esquiadores de competição, amadores não tinham vez. Meu tio foi pioneiro do esqui aquático no Brasil, competia em campeonatos nacionais e internacionais.

Corpos com músculos esculpidos pela água e peles bronzeadas desfilavam. Esquis de marcas famosas, coletes salva-vidas coloridos, roupas de neoprene. Era esse o ambiente.

Acordávamos cedo, tomávamos café e todo mundo descia para a beira da represa.

Começavam os trabalhos de abrir a garagem náutica, descer a lancha para a água. A operação exigia perícia, enquanto um ficava no controle do carretel com cabo de aço, outro acompanhava a lancha para empurrá-la pra fora da carreta que submergia.

Lancha flutuando, âncora lançada, o motor do cabo de aço era acionado e recolhia a carreta de volta na garagem.

Pegavam os galões de combustível e abasteciam a lancha.

A maior parte do dia os competidores treinavam o slalom, na rampa de salto e faziam malabarismos no esqui de "banana". Esse é menor que os outros e não tem quilha, possibilitando manobras radicais, com direito a cambalhotas no ar. Coisa de profissional. E de vez enquando solavam na água sem esqui nos pés.

Quem não competia passava o dia nadando e observando os super homens aquáticos, ou ia na lancha de carona tirando fotos.

No fim do dia quando eles não aguentavam mais esquiar, deixavam os aprendizes darem uma voltinha de esquis nos pés. Era uma adrenalina só!

Eu vestia o colete, calçava os esquis dentro d'água e pegava o manete.

Nessa hora você fica boiando atrás da lancha com as pernas flexionadas e metade dos esquis pra fora da água na vertical. Braços esticados pra frente com os joelhos encaixados entre os cotovelos. Deu pra entender? A posição de largada se for feita sentada no chão fica fácil de entender.

Tudo certo, a lancha acelera e você que use toda a força que tem para se manter na mesma posição só que em movimento. A resistência da água te joga pra trás e tende a afastar os esquis pra fora. Se abrir as pernas cai antes de levantar. Se deixar o tronco ir pra frente não levanta.

Tudo exige a concentração de um Yogue, a força de um atleta, senão toma um tombo daqueles.

A lancha aumenta a velocidade, você levanta da água ficando em pé sobre os esquis, o vento batendo no rosto, delícia !!!!!!

O mais legal é sair da marola formada pela lancha e ir para as laterais, quanto maior a sua velocidade, mais longe fica da esteira de espuma. Depois volta e atravessa para o outro lado. Dá pra esquiar paralelamente à lancha por alguns segundos. É bom demais!

Na volta para a margem, você simplismente pega impulso, solta o manete e deslisa sobre a água afundando devagar até parar no raso.

Quem não tem preparo físico, vai passar a noite gemendo de dor nas costas e pernas, devido ao esforço para se manter acima da água.

Bons tempos que deixaram saudade!